quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Esmaltes para vidros

Uma das principais características do vidro é a sua superfície perfeitamente lisa, livre de porosidade e, portanto antiaderente, que o torna o melhor material para embalagem de alimentos e utensílios domésticos. Esta característica, porém cria dificuldade quando queremos pintar ou gravar algo em sua superfície.

Quando necessitamos então imprimir algo na superfície do vidro utilizamos esmaltes especialmente produzidos para este fim.

Um esmalte de vidro pode ser considerado como tendo três componentes distintos: Um fluxo que é uma matriz de vidro fusível a baixas temperaturas, um pigmento que é o elemento colorante, e um meio para aplicação.

Fluxo
O fluxo é um pó de vidro moído que vai se fundir e se soldar à peça de vidro. Ele é produzido por um processo tradicional de fusão de vidro, apresentando uma composição que lhe confira as propriedades dele exigidas (baixa temperatura de fusão, compatibilidade com o pigmento e com o vidro onde será aplicado).

Pigmento
Os pigmentos, que são constituídos de óxidos metálicos, são os componentes que darão a cor ao fluxo, que originalmente é incolor. Eles devem ser estáveis nas temperaturas de “queima” do esmalte (até 700oC), isto é nas temperaturas que os esmaltes devem ser aquecidos para que o fluxo se funda e passe a ser parte integrante da peça original de vidro.

Meio
O fluxo e o pigmento são pós, e, portanto difíceis de aplicar e fixar à superfície da peça. Portanto se mistura ambos com produtos orgânicos, líquidos ou pastosos, com a finalidade de possibilitar a aplicação dos esmaltes com os meios disponíveis (spray, pincel, silk screen, etc.) e garantir que êles permanecerão na peça de vidro até a queima do esmalte, quando por efeito do calor, se evaporam.

Os esmaltes são bastante empregados nos vidros automobilísticos, na “banda negra” que é uma faixa que envolve a borda do vidro e serve para proteger a cola que o fixa à carroceria, da radiação solar e também para gravar a marca e especificações.

Na construção civil são empregados não só com efeito decorativo, muito explorado pelos arquitetos, mas também funcional quando se necessita diminuir ou mesmo eliminar a transmissão de luz através do vidro.

Nas embalagens, alem do efeito decorativo, o esmalte pode constituir-se um rótulo permanente, indelével, muito importante em recipientes que não podem ser reutilizados como os de produtos tóxicos.

Em todos estes casos o esmalte é aplicado através da técnica de silk screen, a mesma utilizada para a impressão em diversos materiais como tecidos por exemplo, e que se constitui de uma tela que se coloca sobre a peça que vai se imprimir, sendo permeável ao material nos pontos a serem pintados e impermeável aonde não se deve aplicá-los.

No caso dos vidros que serão temperados esta operação se faz imediatamente antes do aquecimento no forno de tempera, onde a queima do esmalte ocorre.

No caso de vidros recozidos, como as embalagens, após a colocação do esmalte as peças devem ser introduzidas em um forno para a realização da queima do esmalte.

A técnica de esmalte sobre o vidro também é bastante empregada por artistas, e um exemplo é o painel de vidro da estação Sumaré do metrô paulista.

É importante notar que a técnica de coloração por esmalte, onde o pigmento fica aderido à superfície impedindo a passagem de luz, possibilita cores mais intensas do que no caso da coloração na massa onde os colorantes se encontram dissolvidos e a cor que observamos é causada pela interferência destes colorantes na luz transmitida (que atravessa o vidro) e, portanto sempre mais suave.

Na fusão, realizada a temperaturas bastante superiores, os colorantes presentes na composição perdem a sua estrutura original e se dissolvem no vidro passando a fazer parte da sua estrutura.

Já o pigmento no esmalte não sofre as transformações que ocorrem na fusão. É como se ele ficasse aprisionado pelo fluxo à superfície do vidro.


Mauro Akerman

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